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Competências e Habilidades: o que são e como aplicá-las no ensino?
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como aplicá-las no ensino?
Uma preocupação relevante hoje na educação é como
ensinar e como avaliar considerando as competências e habilidades. Essa
questão está sendo cada vez mais discutida, em um esforço para que o processo
de aprendizagem seja menos conteudista e mais focado no desenvolvimento e
preparação dos alunos para os desafios do mundo atual.
Nesse sentido, o ENEM, Exame Nacional do Ensino Médio,
consiste um exemplo da relevância de se pensar em um processo pedagógico
baseado em competências e habilidades. Isso porque o Exame tem como orientadora
uma Matriz de Referência com descritores das competências e habilidades.
Normalmente, as discussões, as orientações e os estudos
sobre os dois termos são pautados pela preocupação de suprir dificuldades e
conhecimentos relacionados a essa Matriz. Isso é extremamente relevante, mas é
necessário pensar em competências e habilidades para além dessa única
orientação.
As definições dos dois termos já abrem diversas
indagações e dúvidas, mostrando que são temas que devem ser estudados de forma
contínua e constante para uma maior compreensão, para um maior esclarecimento e
para a utilização concreta do desenvolvimento de competências e habilidades em
todos os segmentos da educação. Uma leitura detalhada da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) revela essa
preocupação.
Para auxiliar nos estudos contínuos dos temas, preparamos
este artigo. Você vai ler sobre os conceitos de cada um desses termos e por que
eles devem ser considerados no contexto escolar.
O que são
Competências?
O Dicionário Aurélio apresenta três definições para
Competência:
- Faculdade concedida por lei a um funcionário, juiz ou tribunal para
apreciar e julgar certos pleitos ou questões.
- Qualidade de quem é capaz de apreciar e resolver certo assunto,
fazer determinada coisa; capacidade, habilidade, aptidão, idoneidade.
- Oposição, conflito, luta.
Vamos nos ater à segunda, que é pertinente
à educação. Note que Competência é uma qualidade de apreciar e resolver um
problema, envolvendo a sua capacidade, habilidade, aptidão e idoneidade.
Indivíduos competentes, dentro das mais variadas atividades profissionais,
tendem a ser bem-sucedidos.
Na sociedade atual, as competências são essenciais
para que o indivíduo tenha sucesso em sua vida social e na carreira. A forma
de conduzir suas relações, responsabilidades e profissão são determinadas por
sua capacidade de a cada dia conviver e resolver as situações cotidianas, cujos
resultados são totalmente dependentes da forma com que os seus problemas
são solucionados. O mercado de trabalho necessita de pessoas capazes de:
- tomar decisões;
- liderar;
- resolver conflitos;
- utilizar conhecimentos adquiridos ao longo do processo acadêmico.
O professor Vasco Moretto, doutor em didática
pela Universidade Laval de Quebec, Canadá, destaca um ponto fundamental em
relação à Competência:
"Competência não se alcança, desenvolve-se.
Competência é fazer bem o que nos propomos a fazer"
De maneira resumida, podemos dizer que as
competências no contexto educacional dizem respeito à capacidade do
aluno de mobilizar recursos visando a abordar e resolver uma situação complexa.
Simplificando
bem, é o aluno saber saber ou saber conhecer.
Competência
versus Desempenho
A confusão feita entre as definições de competência
e desempenho acaba gerando problemas no processo de ensino e aprendizagem.
O desempenho pode ser definido como um indicador
da competência, ou seja, serve para orientar professores e gestores se os
alunos estão desenvolvendo as competências. Entretanto, é importante ter
em mente que desempenho fraco não é, necessariamente, sinônimo de falta
de competência. Nesse caso, o desempenho fraco pode ser motivado
por diferentes fatores como, por exemplo, o cansaço físico e mental do aluno no
momento da avaliação e a quantidade de horas que dormiu ou deixou de
dormir no dia anterior à avaliação.
Assim, para avaliar se os alunos estão
desenvolvendo de fato as competências, é importante avaliar periodicamente seu
desempenho e realizar as intervenções pedagógicas sempre
que necessário.
O que são
Habilidades?
Considerando um caso bem simples sobre habilidades:
um indivíduo nas séries iniciais vai aprender a ler e a escrever. Quando ele
domina esse processo, podemos falar que ele apresenta as habilidades de ler e
escrever. O importante é que com essas habilidades ele alcance a compreensão de
um texto a partir de sua leitura. Sendo assim, caso ele domine a escrita e a
leitura, mas não consiga compreender os textos, ele não será competente para
esse domínio.
A partir desse exemplo e da explicação do conceito
de competência no contexto educacional, podemos definir a habilidade
como a aplicação prática de uma determinada competência para resolver uma
situação complexa.
Simplificando
bem, é o aluno saber fazer.
Veja abaixo quais são as habilidades básicas
necessárias para resolver um situação complexa:
- Compreender a situação complexa: Identificar variáveis
endógenas e exógenas; relacionar elementos relevantes; comparar com
concepções prévias; etc;
- Planejar a abordagem e solução: Visualizar possíveis métodos
para solução; selecionar estratégias e recursos que serão usados;
- Executar o planejamento: Executar o planejado, com o
foco no modelo pedagógico da reflexão-na-ação;
- Analisar criticamente a solução encontrada: Fazer
a crítica da solução encontrada; comparar com experiências anteriores;
imaginar alternativas.
Como
relacionar Competências e Habilidades?
Ainda segundo o professor Vasco Moretto, destaca-se
que:
"As habilidades estão associadas ao saber
fazer: ação física ou mental que indica a capacidade adquirida. Assim,
identificar variáveis, compreender fenômenos, relacionar informações, analisar
situações-problema, sintetizar, julgar, correlacionar e manipular são exemplos
de habilidades.
Já as competências são um conjunto de
habilidades harmonicamente desenvolvidas e que caracterizam por exemplo uma
função/profissão específica: ser arquiteto, médico ou professor de química. As
habilidades devem ser desenvolvidas na busca das competências."
Uma outra explicação para mostrar a relação
prática entre competências e habilidades pode ser feita a partir da leitura
de um gráfico. O leitor deve ter capacidade de observar as informações contidas
no mesmo, que serão associadas a conhecimentos desenvolvidos ao longo do
aprendizado, para que consiga ter uma compreensão que será utilizada para
solução de uma situação problema. Note que há conteúdos e habilidades
envolvidos, “informação e conhecimento”, para resolver o que foi proposto com competência.
Em algumas situações, existe a preocupação de que o
ensino-aprendizagem por habilidades e competências possa prejudicar o
desenvolvimento dos conteúdos da disciplina. Esse raciocínio não se aplica,
já que a proposta é conseguir fazer com que o aluno tenha competência para
aprender.
Sendo assim, é necessário que, junto com os
conteúdos, sejam criadas situações para o desenvolvimento de habilidades (para se
ter habilidade, vimos que precisamos da competência primeiro).
É importante ressaltar que um aluno, ao desenvolver
competências e habilidades seguindo orientações de um educador, vai aprender a
usá-las de maneira adequada e conveniente.
Por exemplo: em uma aula de educação física o aluno
vai aprender as regras de um esporte e como fazer para obedecê-las, para depois
colocá-las em prática da maneira correta. Esse comportamento de ser competente
(saber saber), mas também ter habilidade (saber fazer), deve ser
desenvolvido em todas as áreas de conhecimento.
“APRENDER
é construir significados. ENSINAR é oportunizar esta construção.”
Por que
trabalhar por competências e habilidades na escola?
Nós vivemos hoje na era da tecnologia e da informação. Nunca
se produziu e se consumiu tanto conteúdo na história da humanidade, em todos os
níveis e áreas da sociedade. Isso se deve à facilidade que temos em acessar
essas informações e conteúdos, principalmente depois do surgimento e da
expansão da internet.
Nesse cenário, a escola teve que (ou deve) mudar
seu posicionamento. Antes dessa revolução da informação em nossa sociedade, a
escola era tida como responsável pela disseminação de conteúdos. Isso
já não faz mais sentido, uma vez que os alunos têm acesso aos conteúdos
independente da escola, podendo ainda, visualizá-los e consumi-los na
quantidade, velocidade e momento que desejarem.
Portanto, a escola deve focar seu trabalho em
competências e habilidades para preparar o jovem para lidar com situações de
seu cotidiano e ser capaz de resolver problemas reais. Essa postura demonstra
ainda alinhamento com as tendências educacionais que enfatizam a importância de
colocar o aluno como protagonista, sendo um agente ativo em seu processo
de ensino e aprendizagem, por meio, por exemplo, de atividades educativas
extraclasse.
Além desses pontos, não podemos deixar de mencionar
o fato de que as provas do ENEM e do Saeb são orientadas por Matrizes de
Referências com competências e habilidades, no primeiro caso, e competências,
habilidades e descritores, no segundo.
Dessa forma, as escolas que trabalham com a
proposta de ensinar os alunos a entender e solucionar os problemas a sua volta,
além de formar estudantes mais preparados para lidar com os desafios da vida, estarão
também preparando-os para ter um bom desempenho no ENEM.
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