Pensamento computacional e programação como ferramentas de aprendizagem
Na busca por práticas pedagógicas que
promovam o desenvolvimento pleno, o pensamento computacional e a programação
aparecem como uma estratégias eficazes.
No livro Mindstorms: children, computers
and powerful ideas (1980), o pesquisador Seymour Papert, pioneiro no uso do
computador como ferramenta de aprendizagem, definiu a programação de
computadores como a ação de comunicação entre usuário e máquina por meio de uma
linguagem que ambos entendem.
Assim como existem diversas
linguagens de comunicação verbais e não-verbais, diferentes linguagens de
programação têm sido desenvolvidas para diversos contextos e aplicações como
base estruturas lógico-matemáticas bastante similares.
O ato de programar consiste em solucionar
problemas utilizando o computador e sua capacidade de
processamento de dados e informações como aliados. No universo da computação, programar
significa criar soluções – como jogos, animações e aplicativos digitais – para resolver
problemas diversos.
Assumindo a programação
como uma prática pedagógica, um dos resultados esperados dessa
ação de forma estruturada é o desenvolvimento do que se pode chamar de
pensamento computacional.
O que é
pensamento computacional?
O pensamento computacional não está necessariamente
ligado à programação de computador. Tampouco é a capacidade de navegar na
internet, mandar e-mails ou utilizar as redes sociais.
Pensamento computacional é uma estratégia para
modelar soluções e resolver problemas de forma eficiente – e, assim,
encontrar soluções genéricas para classes inteiras de problemas.
Jeanette Wing, atualmente professora em Carnegie Mellon
e vice-presidente da Microsoft Research, definiu o pensamento computacional
como a formulação de problemas e soluções representados de forma que
possam ser executados por processadores de informações – humanos, computadores
ou, melhor ainda, uma combinação de ambos.
Portanto, apesar de não estar completamente
relacionado ao pensamento computacional, o computador é uma importante
ferramenta para a otimização de tarefas, sobretudo nas etapas que envolvem
sequências de ações que podem ser previstas.
Wing caracteriza o pensamento computacional com
os seguintes elementos:
- Conceptualização (organização dos conceitos) e não programação;
- Habilidade fundamental, não mecânica;
- Uma forma que humanos, não computadores, pensam;
- Um pensamento complemento e que combina pensamento matemático e de engenharia;
- Composto por ideias, não somente software e hardware;
- Para todas as pessoas, em todos os lugares.
O pensamento computacional pode
ser organizado em quatro etapas:
1. Decomposição: dividir a questão em
problemas menores e, portanto, mais fáceis.
2. Padrões: identificar o padrão ou os
padrões que geram o problema.
3. Abstração: ignorar os detalhes de uma
solução de modo que ela possa ser válida para diversos problemas.
4. Algoritmo: estipular ordem ou sequência
de passos para resolver o problema.
Programação
e Base Nacional Comum Curricular (BNCC)
Há várias menções do termo “pensamento
computacional” no texto da BNCC (Base
Nacional Comum Curricular). O conceito é associado à Matemática como estratégia
para “traduzir” situações-problema da língua materna para outros formatos que
podem ser entendidos por sistemas digitais.
A BNCC apresenta, no texto introdutório do Caderno
de Matemática, o termo pensamento computacional:
“Outro aspecto a ser considerado é que a
aprendizagem de Álgebra, como também aquelas relacionadas a outros campos da
Matemática (Números, Geometria e Probabilidade e Estatística), podem contribuir
para o desenvolvimento do pensamento computacional dos alunos, tendo em
vista que eles precisam ser capazes de traduzir uma situação dada em outras
linguagens, como transformar situações-problema, apresentadas em língua
materna, em fórmulas, tabelas e gráficos e vice-versa.
Associado ao pensamento computacional,
cumpre salientar a importância dos algoritmos e de seus fluxogramas, que podem
ser objetos de estudo nas aulas de Matemática. [...] Outra habilidade relativa
à álgebra que mantém estreita relação com o pensamento computacional é a
identificação de padrões para se estabelecer generalizações, propriedades e
algoritmos.” (BRASIL, 2017)
Apesar de não conceituar o termo nem traduzi-lo em
habilidades específicas, o documento relaciona unidades temáticas da
Matemática, em especial a Álgebra, ao desenvolvimento dessa forma de
pensamento.
Há também conexão com as competências gerais
propostas, em especial a quinta delas:
“Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais
de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética
nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar,
acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e
exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva.” (BRASIL, 2017).”
A escola pode atuar para facilitar a compreensão
dessa nova linguagem e, assim, fomentar a capacidade criadora do jovem como
produtor de tecnologia. Como você viu, essa prática pode trazer resultados
satisfatórios para aprendizagem e para o desenvolvimento de competências
socioemocionais dos estudantes. Não perca a oportunidade de testá-la e
compartilhar os resultados conosco em nossas redes sociais!
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